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Manguebeat: toda a riqueza cultural de Pernambuco traduzida em música
Literatura, cinema, artes plásticas, tecnologia, folguedos populares e cultura urbana, tudo junto em uma mistura musical que deu origem a um estilo único e diverso, com influências de samba, rock, funk, hip hop, maracatu, coco e outros gêneros. A princípio, em um release para uma festa escrito por Fred 04, foi chamado apenas de “mangue”, com uma ideia de movimento. Depois, ganhou o mundo e ficou conhecido como manguebeat.
O estilo, que tem no saudoso Chico Science e na Nação Zumbi seus expoentes máximos, encanta a todos pela riqueza rítmica e pela simbologia. A ligação com o mangue e a iconografia composta por lama, caranguejos, figuras folclóricas, roupas coloridas e aparatos tecnológicos como antenas parabólicas e computadores, muito antes dos meios digitais serem temas corriqueiros em nossas vidas, deixavam claro, desde o começo, que o manguebeat era, acima de tudo, visionário e futurista. A maior prova é que resistiu ao tempo e segue firme.
Outro traço interessante é a diversidade musical entre as bandas que representavam o movimento. Mundo Livre S/A, Via Sat, Querosene Jacaré e Eddie, entre outras, extintas ou em atividade, são todas únicas e distintas entre si, unidas pela criatividade e pelo fascínio que causam em quem escuta.
Mas o maior legado, sem dúvida, é cantar Recife e trazer a capital pernambucana para os holofotes da mídia, saindo do eixo Sul-Sudeste-Brasília-Bahia, majoritário na música brasileira.
Com seus batuques, os “mangue boys e mangue girls”, como definiu Fred 04, estabeleceram uma das cenas musicais mais ricas do Brasil.
2020/09/29
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